sexta-feira, 5 de outubro de 2012

AVALIAÇÃO



            A escola no Brasil, em sua essência, é capitalista, pois seus principais objetivos (funções sociais) são a produção de pessoas qualificadas para o funcionamento da economia capitalista e formação de quadros e a elaboração dos métodos para um controle político. A escola produz pessoas para trabalho individual e manual, mas não produz trabalho material.
            Os objetivos da escola e do aluno podem ser conflitantes se a escola é capitalista e se o aluno busca a formação pessoal.
             Os objetivos são diferentes da avaliação. 
         A avaliação, também chamada de apropriação, é o momento em que o aluno confronta seu objetivo com a realização.
             A escola reflete a desigualdade social da seguinte maneira:
Educação é uma pirâmide: no topo = universitários
                                                      no meio = ensino médio
                                                      na base = ensino fundamental.
             A função da escola capitalista é a de exclusão, pois prepara recursos humanos para o trabalho e não prepara o aluno pensante, não prepara a formação de um indivíduo.
          As diferentes classes sociais têm diferentes objetivos e o saber é propriedade privada de uma classe que consegue permanecer no interior da escola.
            Trabalho é a maneira com que o homem se relaciona com a natureza e a intenção de transformá-la para sua sobrevivência. Pelo trabalho o homem interage com a natureza, modificando-a, produzindo conhecimento sobre a mesma e modificando a si mesmo.
            O homem vende sua força de trabalho a outro para os meios de produção, que possui o capital, por pequena quantia e é o oposto de capital e pelo trabalho o capital se valoriza.
            O capitalismo condena grandes massas de operários a uma instrução limitada. Em nossa sociedade a teoria está frequentemente separada da prática, pois a escola cresceu separada do mundo do trabalho.
           A escola não é uma ilha na sociedade, pois reage às vontades dessa mesma sociedade, mesmo quando quer lutar contra alguns aspectos negativos dela.
          O trabalho material garante a indissolubilidade entre prática e teoria e exige interdisciplinaridade.
            O impacto do trabalho material, social e útil, não se faz presente apenas no trato do conteúdo escolar, mas na própria organização global da escola.
            A escola não pode ser voltada para o trabalho material. 
          As classes dominantes não se preparam para o trabalho, mas para dirigir os que trabalham.
            As pessoas “esforçadas” ficam na escola, as “não esforçadas”, não. Se o aluno não passou, não se esforçou; se passou, tem mais vontade de estudar e é mais esforçado. Isso é incentivado pela escola capitalista.
            A contradição na escola, segundo Libâneo (1990) se dá entre o que o aluno deverá aprender e seu estado de conhecimento atual, pois ele desconsidera o que o aluno sabe, o que adquire fora da escola, considerando só a dimensão dos conteúdos escolares e só avalia aquilo que o aluno deveria saber a partir daquele conteúdo que ela forneceu. Se o aluno não adquiriu aquele conhecimento, ele está reprovado; contudo, a seleção dos conteúdos não é desejo do professor.
            A avaliação para cometer justiças, pode ser injusta, sendo que a principal fronte de erro é a interpretação inadequada dos resultados.
         Para haver uma avaliação com eficiência é necessário que haja objetivos bem definidos para que ela reflita se esse objetivo foi alcançado ou não. Então se um objetivo proposto foi alcançado, quem o atinge deve apresentar condutas diferentes de quem não o atingiu, ou seja, a um melhor resultado na avaliação.
            A avaliação é um meio para alcançar fins e não um fim em si mesma, e isso remete aos objetivos bem definidos anteriormente.
           O aluno deve ser avaliado desde o primeiro dia de aula, pois o professor não fará uma avaliação adequada se avaliar somente o aluno num único momento.
           O professor que avalia o aluno somente no momento de uma prova, desconsidera tudo o que aconteceu antes e o que poderá acontecer depois. Se o aluno se esforçou durante todo o bimestre, ou semestre, ou todo o ano e não alcançam, no momento da prova, uma classificação exigida pela escola, essa avaliação não é adequada.
           Pelo fato da maioria dos exames serem pontuais e classificatórios, estabelecendo notas rígidas que aprovam ou reprovam, o aluno pode ter, em seu histórico escolar, ainda que tenha sido um bom aluno durante todo o ano, notas que o desabonem e isso fica para sempre.
          A avaliação é necessária, mas quando feita, muitas perguntas devem ser respondidas:

- Por que o aluno não aprendeu?
- O que o aluno não aprendeu?
Por que houve a avaliação?
                  - Que tipo de avaliação ocorreu: classificatória, punitiva, competitiva?
 
           Respondendo a essas questões, o professor, além de ter dados mais concretos para futuras avaliações, pode acompanhar melhor seu aluno e sua própria função como educador.           
            Ao ler o texto “O menininho” de Helen E. Buckley, percebemos como o professor, se não tomar cuidado, pode tirar do aluno toda a vontade aprender coisas novas e inibir sua criatividade ao ignorar toda a sua bagagem que adquire fora da escola, pois o aluno não é somente aquilo que o professor ensina e a avaliação, apesar de ser necessária, pode, se mal feita, inibir ou moldar de forma inadequada a formação pessoal de um aluno.

Bibliografia:

LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990.
BUCKLEY, Helen E. O Menininho.

Autores:
LUIZ XXX
MARCELO XXX
MARTA MARIA PADOVEZE
OTAIR XXX

O Menininho

            Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Uma manhã, a professora disse:
– Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!” - pensou o menininho. Ele gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos… pegou a sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
A professora então disse:
            – Esperem, ainda não é hora de começar!
            Ela esperou até que todos estivessem prontos.
            – Agora, disse a professora, nós iremos desenhar flores.
          “Que bom!”. Pensou o menininho. Ele gostava de fazer flores. E começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul.
A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como fazer.
E a flor era vermelha com caule verde.
            – Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
            O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso… Virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Era vermelha com caule verde.
            Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
            – Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.
            “Que bom!”. Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro.
Então, a professora disse:
– Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.
            “Que bom!” – pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse:
            – Esperem! Vou mostrar como se faz. E ela mostrou para todos como fazer um prato fundo.
            – Assim, disse a professora, agora vocês podem começar.
            O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. E fez um prato fundo, igual ao da professora.
          E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
           Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira.
No primeiro dia a professora disse:
– Hoje nós vamos fazer um desenho.
            “Que bom!” - pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer.
            Mas a professora não disse nada. Apenas andava pela sala.
            Então, ela foi até o menininho e disse:
– Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menininho, e o que é que nós vamos fazer?
– Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazê-lo?
– Da maneira que você quiser.
– E de que cor?
– Qualquer cor, disse a professora.
– Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar?
– Eu não sei… disse o menininho.
E então, ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.


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