A
escola no Brasil, em sua essência, é capitalista, pois seus principais
objetivos (funções sociais) são a produção de pessoas qualificadas para o
funcionamento da economia capitalista e formação de quadros e a elaboração dos
métodos para um controle político. A escola produz pessoas para trabalho
individual e manual, mas não produz trabalho material.
Os objetivos da escola e do aluno
podem ser conflitantes se a escola é capitalista e se o aluno busca a formação
pessoal.
Os
objetivos são diferentes da avaliação.
A avaliação, também chamada de
apropriação, é o momento em que o aluno confronta seu objetivo com a
realização.
A escola reflete a desigualdade
social da seguinte maneira:
Educação
é uma pirâmide: no topo = universitários
no meio = ensino médio
na base = ensino fundamental.
A
função da escola capitalista é a de exclusão, pois prepara recursos humanos
para o trabalho e não prepara o aluno pensante, não prepara a formação de um
indivíduo.
As diferentes classes sociais têm
diferentes objetivos e o saber é propriedade privada de uma classe que consegue
permanecer no interior da escola.
Trabalho
é a maneira com que o homem se relaciona com a natureza e a intenção de
transformá-la para sua sobrevivência. Pelo trabalho o homem interage com a
natureza, modificando-a, produzindo conhecimento sobre a mesma e modificando a
si mesmo.
O homem vende sua força de trabalho
a outro para os meios de produção, que possui o capital, por pequena quantia e é
o oposto de capital e pelo trabalho o capital se valoriza.
O capitalismo condena grandes massas
de operários a uma instrução limitada. Em nossa sociedade a teoria está
frequentemente separada da prática, pois a escola cresceu separada do mundo do
trabalho.
A escola não é uma ilha na
sociedade, pois reage às vontades dessa mesma sociedade, mesmo quando quer
lutar contra alguns aspectos negativos dela.
O trabalho material garante a
indissolubilidade entre prática e teoria e exige interdisciplinaridade.
O impacto do trabalho material,
social e útil, não se faz presente apenas no trato do conteúdo escolar, mas na
própria organização global da escola.
A escola não pode ser voltada para o
trabalho material.
As classes dominantes não se
preparam para o trabalho, mas para dirigir os que trabalham.
As
pessoas “esforçadas” ficam na escola, as “não esforçadas”, não. Se o aluno não
passou, não se esforçou; se passou, tem mais vontade de estudar e é mais
esforçado. Isso é incentivado pela escola capitalista.
A contradição na escola, segundo
Libâneo (1990) se dá entre o que o aluno deverá aprender e seu estado de
conhecimento atual, pois ele desconsidera o que o aluno sabe, o que adquire
fora da escola, considerando só a dimensão dos conteúdos escolares e só avalia
aquilo que o aluno deveria saber a partir daquele conteúdo que ela forneceu. Se
o aluno não adquiriu aquele conhecimento, ele está reprovado; contudo, a
seleção dos conteúdos não é desejo do professor.
A avaliação para cometer justiças,
pode ser injusta, sendo que a principal fronte de erro é a interpretação
inadequada dos resultados.
Para haver uma avaliação com
eficiência é necessário que haja objetivos bem definidos para que ela reflita
se esse objetivo foi alcançado ou não. Então se um objetivo proposto foi
alcançado, quem o atinge deve apresentar condutas diferentes de quem não o
atingiu, ou seja, a um melhor resultado na avaliação.
A avaliação é um meio para alcançar
fins e não um fim em si mesma, e isso remete aos objetivos bem definidos
anteriormente.
O aluno deve ser avaliado desde o
primeiro dia de aula, pois o professor não fará uma avaliação adequada se
avaliar somente o aluno num único momento.
O professor que avalia o aluno
somente no momento de uma prova, desconsidera tudo o que aconteceu antes e o
que poderá acontecer depois. Se o aluno se esforçou durante todo o bimestre, ou
semestre, ou todo o ano e não alcançam, no momento da prova, uma classificação
exigida pela escola, essa avaliação não é adequada.
Pelo fato da maioria dos exames
serem pontuais e classificatórios, estabelecendo notas rígidas que aprovam ou
reprovam, o aluno pode ter, em seu histórico escolar, ainda que tenha sido um
bom aluno durante todo o ano, notas que o desabonem e isso fica para sempre.
A avaliação é necessária, mas quando
feita, muitas perguntas devem ser respondidas:
- Por que o aluno não aprendeu?
- O que o aluno não aprendeu?
- Por que houve a avaliação?
- Que tipo de avaliação ocorreu: classificatória,
punitiva, competitiva?
Respondendo
a essas questões, o professor, além de ter dados mais concretos para futuras
avaliações, pode acompanhar melhor seu aluno e sua própria função como
educador.
Ao ler o texto “O menininho” de
Helen E. Buckley, percebemos como o professor, se não tomar cuidado, pode tirar
do aluno toda a vontade aprender coisas novas e inibir sua criatividade ao
ignorar toda a sua bagagem que adquire fora da escola, pois o aluno não é
somente aquilo que o professor ensina e a avaliação, apesar de ser necessária,
pode, se mal feita, inibir ou moldar de forma inadequada a formação pessoal de
um aluno.
Bibliografia:
LIBÂNEO,
J.C. Didática. São Paulo: Cortez,
1990.
BUCKLEY,
Helen E. O Menininho.
Autores:
LUIZ XXX
MARCELO XXX
MARTA MARIA PADOVEZE
OTAIR XXX
OTAIR XXX
O Menininho
Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande.
Uma manhã, a professora disse:
–
Hoje nós iremos fazer um desenho.
“Que bom!” - pensou o menininho. Ele
gostava de desenhar leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos… pegou a sua
caixa de lápis de cor e começou a desenhar.
A professora então disse:
– Esperem, ainda não é hora de
começar!
Ela esperou até que todos estivessem
prontos.
– Agora, disse a professora, nós
iremos desenhar flores.
“Que bom!”. Pensou o menininho. Ele
gostava de fazer flores. E começou a desenhar bonitas flores com seus lápis
rosa, laranja e azul.
A professora disse:
–
Esperem! Vou mostrar como fazer.
E
a flor era vermelha com caule verde.
– Assim, disse a professora, agora
vocês podem começar.
O menininho olhou para a flor da
professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia
dizer isso… Virou o papel e desenhou uma flor igual à da professora.
Era
vermelha com caule verde.
Num outro dia, quando o menininho
estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– Hoje nós iremos fazer alguma coisa
com o barro.
“Que bom!”. Pensou o menininho. Ele
gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas:
elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua
bola de barro.
Então, a professora disse:
– Esperem! Não é hora de começar!
Ela esperou até que todos estivessem
prontos.
– Agora, disse a professora, nós iremos
fazer um prato.
“Que bom!” – pensou o menininho. Ele
gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.
A professora disse:
– Esperem! Vou mostrar como se faz. E
ela mostrou para todos como fazer um prato fundo.
– Assim, disse a professora, agora
vocês podem começar.
O menininho olhou para o prato da
professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia
dizer isso. E fez um prato fundo, igual ao da professora.
E muito cedo o menininho aprendeu a
esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito
cedo ele não fazia mais coisas por si próprio.
Então, aconteceu que o menininho teve
que mudar de escola. Essa escola era ainda maior que a primeira.
No primeiro dia a professora disse:
– Hoje nós vamos fazer um desenho.
“Que bom!” - pensou o menininho e
esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse nada.
Apenas andava pela sala.
Então, ela foi até o menininho e
disse:
–
Você não quer desenhar?
–
Sim, disse o menininho, e o que é que nós vamos fazer?
–
Eu não sei, até que você o faça, disse a professora.
–
Como eu posso fazê-lo?
–
Da maneira que você quiser.
–
E de que cor?
–
Qualquer cor, disse a professora.
– Se todo mundo fizer o mesmo desenho e
usar as mesmas cores, como eu posso saber o que cada um gosta de desenhar?
–
Eu não sei… disse o menininho.
E então, ele começou a desenhar uma flor
vermelha com o caule verde.
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