Introdução
Este trabalho
vem dar um resumo sobre o quadro educacional brasileiro, mostrando as
diferentes etapas da criança durante seu período escolar, proporcionado uma
visão rápida sobre o que há dentro da nossa realidade, identificando o que é
importante, além de promover sugestões do que seria ideal para que a vida
escolar de nossos alunos tivesse melhor qualidade.
Pré-escola
A pré-escola é fundamental para todas as crianças e muito
mais importante para as crianças mais pobres que deveriam ingressar nas escolas
já aos quatro anos de idade para que pudessem ter maiores chances de sucesso.
O processo de educação de toda criança deve ser baseado
em processos pedagógicos consistentes com professores especializados em
educação infantil, pois disso depende que o ensino fundamental e médio sejam
percorridos sem grandes dificuldades.
A educação
pré-escolar é a primeira etapa da educação básica e destina-se às crianças a
partir de dois a três anos de idade e visa o desenvolvimento integral da
criança e tem características próprias que a distinguem dos outros níveis de
ensino.
Em alguns
países da Europa, por exemplo, 100% das crianças de quatro anos de idade já
estão na escola e, em alguns há uma forte tradição de alfabetização por parte
das famílias. Nesse último caso, a totalidade das crianças de sete anos matriculada
na 1º série já está dominando a leitura elementar.
Conclui-se que
é preciso começar o mais cedo possível e que os bons exemplos de outros países,
apesar de serem considerados impensáveis para o Brasil, podem ser, ao menos,
dar parâmetros para se procurar o melhor para nossas crianças.
Alfabetização
de crianças
A falta de processos científicos e a má condição desses
mesmos processos quando existem, levam os alunos, em fase de alfabetização, a
fracassar nesse momento tão importante de suas vidas.
Alguns métodos de alfabetização em alguns países são
originados na “whole language”, que foi incorporada e consolidada nos anos 90
no Brasil, foi posta de lado pela França e nos EUA existem fortes oposições
contra esse tipo de moda pedagógica.
Há índices que evidenciam a má alfabetização no Brasil:
55% das crianças em situação muito crítica ou crítica de leitura, segundo o
Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Tarefas simples em testes de leituras não são
resolvidas por esses alunos.
Para melhorar os processos de alfabetização são
necessários docentes competentes nessa área específica, além de materiais
adequados para a faixa etária, bem como processos sistemáticos, ordenados e
metódicos.
Aprender a ler
e a escrever não é processo natural, mas é fundamental para o desenvolvimento
de qualquer criança.
Ensino da Leitura
O letramento,
que se aplica a todas as áreas do conhecimento (matemática, ciências,
humanidades) é uma etapa muito importante para uma educação de qualidade. O
letramento deve ser uma preocupação central do sistema de ensino ao longo da
educação básica, pois é através dele que a pessoa adquire conhecimentos para
interpretar textos e o mundo à sua volta.
De acordo com
o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, um ensino que é focado na
evolução da capacidade de leitura dos estudantes tem resultados melhores no
letramento. Explorar as diferentes opiniões dos alunos por meio de debates,
leitura e discussão de diversos gêneros textuais, estudo da gramática
relacionada com textos, são medidas bastante eficientes no aprendizado.
A avaliação
feita pelo Saeb, em 2003, mostra que 55% das crianças de 4ª série apresentam
graves dificuldades em ler textos simples, curtos e também dificuldades na
interpretação desses textos.
Apesar da
melhoria em proficiência, se comparado com as estatísticas de 2001, o
desempenho geral está abaixo do mínimo considerado satisfatório. O que se pode
concluir é que a educação oferecida no Brasil ainda está muito deficiente.
Ensino da
Matemática
Ainda com base
nos dados do Saeb de 2003, o aprendizado da matemática também precisa ser
revisto, pois os resultados estão abaixo do que seria aceitável. Enquanto o
padrão mínimo para alunos de 4ª série é de 200 pontos, o indicador nacional é
de 177 pontos.
A matemática é
um dos pontos mais importantes no aprendizado do aluno, tanto que os países
melhor desenvolvidos na parte científica e tecnológica buscam garantir um
melhor aprendizado da matemática no nível básico.
A aprendizagem
adequada da matemática, além de ser muito importante para os alunos, produz
também retornos sociais e melhoria na mão deobra futura e ajuda o país a ter
um papel competitivo internacionalmente na área de tecnologia.
Sem dúvida,
uma melhor capacitação dos professores faria toda a diferença no ensino da
matemática. O domínio do conteúdo a ser ensinado e como ensinar é fundamental
para que o professor desempenhe bem o seu papel.
É necessário
que os alunos sejam incentivados a resolver problemas sempre relacionados ao
cotidiano. Algumas atividades pedagógicas que façam o aluno refletir
contribuirão muito para o seu aprendizado.
A premiação
para alunos seria um bom incentivo para a aprendizagem da matemática, bem como
a premiação para professores, porém, o que se deve enfatizar é a importância da
matemática na educação do ser humano.
Fluxo escolar: impacto da repetência e da distorção idade-série
no ensino fundamental
O principal
desafio para as políticas públicas de educação básica, técnica e superior em
todo o Brasil é o da qualidade e não existe qualidade sem um fluxo educacional
regular.
Foram precisos
muitos anos para convencer políticos e a opinião pública de que, na verdade, as
crianças vão à escola em sua grande maioria, mas aprendem pouco, e começam a
abandonar os estudos quando chegam à adolescência. O problema é a má qualidade
das escolas e a repetência.
As avaliações
educacionais e os levantamentos estatísticos no Brasil têm constatado que são
altas as taxas de repetência e baixo os níveis de aprendizado na educação
básica e a convivência com inaceitáveis níveis de inadequação idade-série são a
tônica da educação básica no Brasil.
Sobre a
distorção idade-série, fator gerador de desigualdades e de falta de
aprendizado, tem-se, ainda, no Brasil, taxas maiores do que as de quase todos
os países próximos dos patamares brasileiros de desenvolvimento.
De fato, há
uma forte cultura de repetência instalada na qual os professores não avaliam as
suas consequências para o indivíduo e para o funcionamento do sistema
educacional. Conclui-se com facilidade, que o ensino fundamental é uma barreira
para boa parte dos brasileiros. Está evidenciado que a reprovação não é a
solução para a questão da qualidade do aprendizado, pelo contrário, alunos com
histórico de reprovação apresentam sistematicamente patamares menores de
desempenho, em comparação com grupos de alunos que nunca reprovaram.
Uma análise do
perfil das crianças reprovadas mostra que elas em geral não frequentaram a
pré-escola, são oriundas de lares com poucos recursos, seus pais têm pouca
escolaridade, não têm acesso a livros, computadores e internet. São meninas e
meninos pertencentes às famílias mais pobres do conjunto de estudantes.
O atraso
escolar, consequência da reprovação e do abandono, figura com um dos fatores de
baixo desempenho. Os dados indicam que a reprovação e o abandono devem estar
entre as principais preocupações dos gestores educacionais, pelo impacto que
têm na autoestima do estudante e no seu aproveitamento escolar.
Ensino Médio: qualidade e fluxo, ensino técnico e tecnológico
O Ensino Médio
é uma modalidade de ensino de responsabilidade exclusiva dos Estados Federados,
com o apoio da União. Hoje, existem cerca de nove milhões de estudantes no
ensino regular e o número de alunos vem crescendo fortemente. O grande desafio
é fazer com esses alunos tenham uma educação de qualidade e tenham sentido
prático para os alunos.
Nos países
desenvolvidos o processo de melhoria do ensino levou duas décadas para se
chegar ao ensino de qualidade. No Brasil (onde a maioria das escolas acha que
só precisa preparar o aluno para o vestibular), a educação média precisa
diversificar seu atendimento, conhecer o que se pede fora da escola e
principalmente associar educação aos objetivos de desenvolvimento social e
econômico do país e das regiões. A maior parte do ensino médio deve ter
conteúdos que preparem o aluno para a vida profissional, pois muitos desses
alunos não terão a chance de cursar o ensino superior.
Oferecer a
educação média como um meio de qualificação (sem esquecer a preparação para o
ensino superior) é um meio de se conseguir avanços na educação.
Em alguns
países desenvolvidos o estudante pode optar por dois caminhos para os seus
estudos secundários.
Os problemas
que existem no ensino médio são um pouco maiores do que no ensino fundamental.
As taxas de reprovação e abandono são bastante altas. É necessário que se tomem
medidas para que o sistema não entre em pane.
A situação da
qualidade do aprendizado no ensino médio é muito crítica. Os indicadores de
desempenho dos estudantes mostram que 39% dos alunos do 3º ano do ensino médio
têm dificuldades em leitura e interpretação de textos. Os alunos com
habilidades de leitura de textos mais complexos somam apenas 6%.
De acordo com
a avaliação dos estudantes, entre 1995 e 2001 houve uma queda de 10% no
desempenho em língua portuguesa, ficando as cinco regiões do país entre os
estágios “crítico” e “intermediário”. Entre 2001 e 2003 houve uma leve melhora.
As médias
nacionais, em leitura e matemática, são muito inferiores ao desempenho
considerado adequado para alunos que estão terminando o ensino médio.
Dados que
mostram o perfil social do aluno mostram que o ensino é mais ineficaz
principalmente para os estudantes mais carentes. Hoje, temos uma grande
quantidade de pessoas que estão concluindo o ensino médio sem preparo para o
trabalho e sem condições para ingressar de forma competente no ensino superior.
Para que se
tenha um ensino com qualidade é necessário reformular a estrutura do ensino
médio, revendo o conteúdo que é ensinado e melhorando a capacitação dos
professores.
Deve-se dar
mais importância aos cursos técnicos, porém, sem vínculo com o ensino
acadêmico, pois experiências anteriores mostram que essa combinação não teve
êxito. Em 1971, as escolas públicas eram obrigadas a oferecer o curso acadêmico
e o profissionalizante. Os resultados foram negativos, pois, por falta de
recursos, as escolas não conseguiam oferecer um ensino de qualidade. Em meados
1980 esse modelo deixou de existir.
O que se pode
concluir com essa experiência é que as instituições de ensino técnico devem ser
separadas das instituições de ensino médio.
Escolaridade da população adulta e alfabetizada
A taxa de
analfabetismo no Brasil é de 11,4 % (PNAD). Houve uma queda importante nos anos
de 1994 a 2004, o que se pode perceber é que, de maneira geral, o contingente
de analfabetos no país, algo próximo de 14 milhões de pessoas, compõe um
estoque, fruto da falta de acesso à escola que marcava o país de forma
acentuada até meados da década de 1980.
É
caracterizado como analfabeto funcional o indivíduo que tem menos de quatro anos
de escolarização formal. Para zerar o analfabetismo funcional deve-se garantir
o acesso de todas as crianças ao ensino fundamental e que não haja evasão nas
quatros primeiras séries.
A média de
anos de estudo da população adulta (25 a 29 anos), em todo o Brasil, está em
7,0 anos (2004), o mais jovens, de 20 a 24 anos, já superam 8,7 anos de
escolaridade em todo o Brasil. Vale ressaltar que a expansão da escolarização
da população deve ser buscada em associação a uma educação de qualidade e
eficiência no aprendizado.
Professores
Para que se
tenha ensino de qualidade é necessário que se tenham professores qualificados,
bem preparados e valorizados pela sociedade.
A maior parte
dos professores possui curso superior em instituições privadas, porém o problema
não é seu nível de escolarização e sim a falta de preparo para lecionar, havendo
poucos ensinamentos práticos e com programa de estágios longe da realidade do
dia a dia.Um exemplo é o
ensino de matemática. Pode ser que a maioria dos professores domine as
habilidades de matemática, porém não tem o preparo para ensiná-las.
Os professores
devem conhecer estratégias de ensino por faixa etária e também qual o melhor
livro didático para as necessidades de seus alunos. Os docentes precisam ser
cobrados quanto ao conteúdo previsto, mas também devem ser valorizados e bem
pagos.
Nos países que
obtiveram um sistema educacional de qualidade, os professores foram peças
chaves para a qualidade do ensino. Quando o professor tem a oportunidade de
refletir sobre as suas atividades, ele tem condições de melhorar sua técnica de
trabalho.
O pouco acesso
à informática e à internet é um fator que dificulta a atualização e o
aperfeiçoamento dos professores brasileiros.
Conclusão
O Brasil ainda deixa a desejar
quando o assunto é educação. Existem esforços de várias esferas da sociedade
para que o ensino melhore, mas os resultados, por vezes, são tímidos.
Desde a pré-escola até o ensino médio, o que se vê é
falta de qualidade do que se ensina aos alunos, muitas vezes, pela falta de
qualificação dos professores que saem das instituições - que os deveriam ter
preparados – sem noção de como realmente passar aquilo que foi proposto, além
de, no caso do ensino da matemática – área de extrema importância -, não dominar
o conteúdo do que deve ser ensinado.
Contudo, nota-se a preocupação cada vez maior com o
ensino brasileiro, como também com a inclusão de 100% de crianças na pré-escola
e posterior conclusão do ensino médio, também em 100%, tendo-se consciência de
que a reprovação é fator que deve ser combatido para que essa percentagem possa
ser conseguida.
Bibliografia:
ARAUJO, Carlos H.. LUZIO, Nildo.
Educação, uma aposta para o futuro.
Brasília: Missão Criança, 2006. Série Mania de Educação ; v.2
* Texto elaborado em 2008.